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CEO do Novobanco quer acabar com proibição de dividendos antes do IPO


Mark Bourke, CEO do Novobanco, esteve numa conference call com analistas e voltou a dizer que o objetivo é acabar com a proibição de pagamento de dividendos que existe desde a medida de resolução ao BES em 2014, para facilitar o caminho para uma Oferta Pública Inicial (IPO).

O presidente do banco acredita ser possível terminar o Acordo de Capital Contingente (CCA) antes do prazo previsto, que vai até 2025, o que implica um acordo com o Fundo de Resolução.

“O vento sopra na direção de terminar o bloqueio à distribuição de dividendos, e de o banco ficar livre para distribuir dividendos, e assim avançar para o IPO”, afirmou Mark Bourke.

O CEO Mark Bourke respondia aos analistas depois do banco ter registado um aumento de 22% no lucro do primeiro trimestre. O lucro líquido do quarto maior banco do país, que é detido em 75% pela empresa de private equity norte-americana Lone Star, atingiu os 180,7 milhões de euros (193 milhões de dólares), graças a um aumento de 21,4% na receita líquida de juros e um aumento de 8,8% nas comissões.

O banco que emergiu das cinzas do Banco Espírito Santo há uma década, após um resgate apoiado por Bruxelas, reforçou fortemente o seu capital, com o seu rácio de solvabilidade Common Equity Tier 1 a subir 87 pontos base em relação ao ano anterior, para 19%.

Mark Bourke, citado pela Reuters, afirmou que o banco “cumpriu todas as suas expectativas”.

Com a consolidação do sector bancário em curso na vizinha Espanha, onde o BBVA propôs na terça-feira uma fusão com o rival Sabadell, de menor dimensão, Bourke disse que via uma oferta pública inicial como uma forma de o Novobanco continuar a ser um banco independente.

Conforme acordado em Outubro de 2017, no processo de venda do Novobanco, foi celebrado um Acordo de Capital Contingente de Capital Contingente (CCA) entre o Fundo de Resolução (FdR) e o banco.

Mas ainda persistem divergências pendentes entre o banco e o Fundo de Resolução relativas a montantes não reconhecidos no capital CET1 em 31 de março de 2024. Nomeadamente no que se refere ao tratamento contabilísticos das regras IFRS9. Há ainda uma chamada de capital ao abrigo do CCA 2020 que não foi paga por decisão do FdR no valor de 165 milhões de euros; e uma divergência relativa à chamada de capital ao abrigo do CCA que não foi paga em 2021, no valor de 209 milhões de euros.

O mecanismo de capital contingente ainda tem um montante de 485 milhões de euros que permanece disponível para perdas reconhecidas uma carteira predefinida de ativos e outras perdas cobertas pelo CCA, ou caso o rácio CET1 caia abaixo de 12%. Em termos de capitalização o Novobanco registou um rácio de capital CET1 de 19% (na versão fully loaded) e um rácio de solvabilidade total de 21,8% em março.

O mecanismo está em vigor até 25 de dezembro (data de vencimento da CCA), data essa que pode ser prorrogada, sob certas condições, por mais um ano.

Atualmente sobrecapitalizado, o banco pretende que seja levantada a proibição de distribuição de dividendos, em vigor nos termos do resgate até ao final de 2025. “Faz sentido, porque se estivermos a fazer um IPO do banco ou algo do género, não obteremos qualquer valor pelo excesso de capital”, afirmou o CEO, citado pela Reuters.

Se as autoridades autorizassem o levantamento da proibição, acrescentou, o Novobnco poderia retirar o capital excedentário “sob a forma de dividendos ou de qualquer outra forma”.

O CEO disse ainda que o banco e o supervisor teriam de ajustar o requisito mínimo de fundos próprios e de passivos elegíveis (MREL) para continuar a emitir dívida sénior.

“Assim que eliminarmos o bloqueio dos dividendos, colocamos a última peça do quebra-cabeças (o MREL) no lugar e então estamos prontos para ir (para um IPO)”, concluiu.



Fonte: Economico – Politica

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