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Livro: “Roteiro Sentimental: Douro”


 

 

“Roteiro Sentimental: Douro”, das Edições Afrontamento, agrega as histórias e as impressões que Manuel Mendes recolheu, em contacto com as pessoas da região – trabalhadores rurais, pescadores, barqueiros (os que atravessavam o rio de um lado para o outro), marinheiros (os que traziam o vinho do Alto Douro até à Foz), profissionais de vários ofícios e contadores populares de histórias. Para além da paisagem humana, o autor dedica-se também a observar a natureza e, em particular, o tremendo impacto do rio na moldagem da paisagem.

Escritas entre 1961 e 1963, estas crónicas de viagem, por um lado, constituem o testemunho de uma época em que o Douro mantinha ainda uma imagem fortemente marcada pela tradicionalidade, o que se nota particularmente na descrição das paisagens e do mester de todos esses homens e mulheres.

Pelo outro, descrevem com enorme sensibilidade a grande beleza da região, como nesta que inicia o capítulo dedicado às vindimas: “Caíram as primeiras chuvas do Outono e a terra brilha, exulta e rescende, consolada deste banho de frescura que já tardava. A vinha agradece e o lavrador terá disso o seu benefício (…). Os montes ficaram lavados, as árvores radiantes, de verde intenso, o céu limpo, no melhor do seu azul-ferrete, tão puro que dá gosto ver, e os dias parecem uma ininterrupta manhã, de claridade transparente, imponderável e cristalina, que mais realça a cor na grande beleza dos contrastes.”

Escritor, artista plástico e resistente antifascista, nasceu em Lisboa a 18 de janeiro de 1906, cidade onde também faleceu, em 4 de Maio de 1969. Estudou na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, tendo frequentado o curso de História e Filosofia, mas nunca terminou o curso por causa da greve de 1931.

Forte oposicionista do Estado Novo, esteve envolvido no MUNAF – Movimento de Unidade Nacional Antifascista, fundado em 1943, e no MUD – Movimento de Unidade Democrática, em cuja fundação participou.

Manuel Mendes fez largas incursões nas artes plásticas, mas destacou-se sobretudo pela sua atividade literária, colaborando em numerosos jornais e revistas, como a “Seara Nova”, a “Revista de Portugal”, a “Vértice”, e os jornais “O Século”, “Primeiro de Janeiro”, “A Capital” e “República”. Como escultor, participou no Salão dos Independentes e nos dois salões de 1946 e 1947 da Exposição Geral das Artes Plásticas, organizada pela Sociedade Nacional de Belas Artes.

Eis a sugestão de leitura desta semana da livraria Palavra de Viajante.

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Fonte: Economico – Politica

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