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Empresas ligadas ao turismo sofrem sem atividade



Os transportadores de passageiros foram significativamente afetados pela pandemia de Covid-19, especialmente pelos dois períodos de confinamento, em 2020 e este ano, que totalizaram 103 dias, cerca de três meses e meio. Para os operadores que têm uma atividade ligada ao turismo, o período de inatividade é bastante mais extenso, pelas limitações impostas à mobilidade.

“Na última década, o turismo em Portugal praticamente triplicou os números de entradas no país. Alicerçados na procura crescente, os operadores promoveram investimento em mais autocarros, mais modernos e mais eficientes em termos ecológicos, num esforço financeiro de monta, ajustado à crescente procura. A pandemia veio cortar todo este fenómeno de forma radical, abrupta e totalmente inesperada”, diz ao Jornal Económico (JE), Rui Pinto Lopes, presidente da ARP – Associação Rodoviária de Transportadores Pesados de Passageiros. “Em pleno começo da época turística de 2020, depois de um inverno paradas – fruto da sazonalidade do sector –, as empresas de autocarros de turismo viram-se completamente imobilizadas. A diminuição das receitas via turismo foi de cerca de 95%”, acrescenta, considerando 2020 “um ano catastrófico para o sector”.

Para os transportes coletivos, a situação foi similar, com a agravante de terem de manter custos de operação, pela função que têm na sociedade. “A STCP nunca suspendeu a sua operação, em modo autocarro, desde o início desta pandemia, de modo a responder às necessidades dos seus clientes”, afirma ao JE Manuel Queiró, presidente do conselho de administração da STCP – Sociedade de Transportes Colectivos do Porto. “Com os dois períodos de confinamento e de consequentes desconfinamentos, a STCP foi ajustando a oferta às necessidades reais, através de uma monitorização constante da rede, de modo a realizar os ajustes que se verificavam essenciais. Reduziu oferta, aumentou oferta, introduziu reforços via contratação de linhas a outros operadores, aplicou diferentes tipos de horários face às diferentes fases de gravidade da pandemia que se instalavam”, explica. Atualmente, a oferta está já a 100%.

A ARP, que representa 130 empresas de autocarros, com cerca de 2.000 autocarros e 2.500 postos de trabalho, só espera uma retoma económica para o verão de 2022. “Trata-se de uma longa travessia do deserto e, se fomos os primeiros a parar, seremos dos últimos a retomar atividade em pleno, fruto da especificidade do nosso setor”, diz Rui Pinto Lopes, apontando que “o presente ano corresponderá a uma ténue retoma da atividade do sector de transporte de grupos e apenas no verão do próximo ano assistiremos a um exercício mais próximo da normalidade”.

Por isso, diz que o principal desafio que as empresas enfrentam é a espera até o mercado retomar a confiança, que muito dificilmente conseguirão fazer sozinhos. “É fundamental apoiar estas empresas até 2022. Mais e maiores apoios específicos para o setor são cruciais e urgentes”, afirma. Aponta, também, limitações impostas à atividade que não têm paralelo com as de outros sectores (do transporte) e que motivam a perda de competitividade face a mercados que são concorrentes diretos. “Investimos fortemente na adaptação dos sistemas para o atual momento de pandemia, mas a ocupação a 100% não foi ainda autorizada”, exemplifica.

Já na maior operadora de transportes públicos da Área Metropolitana do Porto, que tem operação em seis concelhos da região, o maior desafio, segundo Manuel Queiró, “será o regresso aos níveis de procura da fase pré-pandemia, que ainda estão longe dos verificados nos dias de hoje”.



Fonte: Economico – Politica

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