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Renting absorve 30% dos carros elétricos novos


O renting tem sido um “acelerador da renovação” das frotas dos veículos, desempenhando um papel ativo na transição energética do setor automóvel português. Devido às suas características particulares, de assunção dos riscos associados à propriedade de um automóvel pela empresa de renting, este produto tem tido uma “penetração nas frotas elétricas maior do que na penetração do renting em termos globais”, disse António Oliveira Martins, vice-presidente para o renting da Associação Portuguesa de Leasing, Factoring e Renting (ALF), ao Jornal Económico.

Em Portugal, “cerca de 15% das vendas de veículos novos destinam-se a contratos de renting”, explicou o especialista. “Mas pelo menos 30% da produção de elétricos novos destinam-se a renting”, assegurou Oliveira Martins.

São as características do renting que explicam a sua penetração na venda de veículos novos elétricos em Portugal, um mercado que tem apresentado uma tendência crescente. Até abril, mês em que este segmento registou uma quebra de mais de 50% face ao mês anterior, vinha em crescimento durante 15 meses. Ainda assim, nos primeiros quatro meses do ano, foram vendidos mais de 2.500 carros elétricos, o que representa uma subida homóloga de 116%, noticiava o “Negócios”.

“O renting tem as características ideiais para as entidades que querem começar a incorporar mais elétricos nas suas frotas”, disse José Tavares de Almeida, secretário-geral da ALF, complementando a ideia avançada por Oliveira Martins. “O risco da desvalorização, da obsolescência, das incertezas que estão associadas a uma tecnologia nova são totalmente assumidos pela empresa de renting”, salientou Oliveira Martins.

Neste sentido, o renting “tem uma implicação muito significativa na renovação das frotas das empresas que têm ciclos mais ou menos fixos e essa renovação regular das frotas leva a que, havendo uma evolução da tecnologia constante no sentido da diminuição das emissões, o renting seja um acelerador da transição energética”, disse o vice-presidente da ALF.

Oliveira Martins salientou ainda que “existe mais risco no elétrico”, por comparação com os motores a combustão, que são tecnologias mais “maduras”. “No elétrico existe mais incerteza. Quando compramos um carro a combustão sabemos mais ou menos quando é que ele vale com quatro anos. Nos elétricos, essa realidade não existe, havendo mais incerteza quanto à desvalorização”, explicou.

Produção de renting cresceu para mais de 146 milhões

De acordo com as estimativas da ALF, a produção de contratos de renting ascendeu a 146,4 milhões de euros no primeiro trimestre deste ano, o que reflecte uma subida homóloga de 2,2% e corresponde a 6.987 veículos adquiridos em igual período, verificando-se aqui uma descida homóloga de 1,7%.

“No setor automóvel, também não houve aumento de veículos novos”, salientou Oliveira Martins, reforçando que “houve fatores de distúrbio, como o WLTP que, para além de tornar bastante mais complexo o processo de elaboração de cotações e de cálculo do preço, também provocou alguma antecipação de negócio” em 2018.

O factoring fechou os três primeiros meses do ano com as empresas do setor a tomarem 7,7 mil milhões de euros em faturas, o que representa um crescimento homólogo de 4,5%.

Atualmente, “existe um grande dinamismo no chamado ‘factoring internacional’ que permite efetuar cobranças entre diferentes países”, revelou Alexandre Ferreira Santos, presidente da ALF. No primeiro trimestre de 2019, “alcançaram-se cerca de 1,2 mil milhões de euros neste segmento”, que no ano passado atingiu os cinco mil milhões.

A tendência para o resto do ano é de crescimento, “acompanhando o dinamismo da economia portuguesa”, disse Ferreira Santos.

Uma das áreas de crescimento orgânico do factoring consiste na chegada do produto às PME portuguesas, mas também através do ‘full factoring’, um serviço que permite à empresa que contratou os serviços de financiamento, gestão de cobranças e cobertura de risco do crédito.

Segundo o presidente da ALF, “as PME são o segmento com maior potencial neste momento, pois podem aderir aos serviços de factoring como forma de complementar as opções de crédito tradicionais, contribuindo para incrementar o seu crescimento e flexibilidade financeira”, frisou Ferreira Santos.
No leasing, as estimativas da ALF apontam para uma produção total de cerca de 700 milhões de euros no primeiro trimestre, o que significa uma subida homóloga de 4%.

Na vertente do leasing imobiliário, que cresceu para cerca de 200 milhões de euros, um crescimento de 4% em termos homólogos, o presidente da ALF destacou que as “associadas contribuíram de forma muito significativa para a revitalização do setor imobiliário e, consequentemente, para o aumento e diversificação da oferta global de alojamento em Portugal”.

A disseminação do alojamento local não é um obstáculo para a locação imobiliária. Ferreira Santos identifica aqui uma oportunidade e não tem medo de assinalar que o leasing imobiliário impulsionou o mercado imobiliário em Portugal. “Na hora de decidir como é que vai financiar o investimento num alojamento local é natural que o empreendedor privilegie e escolha o leasing”, porque “os ativos são financiados a 100%, com a vantangem de usufruir de spreads mais baixos e da isenção de imposto de selo, entre outros”, salientou o presidente da ALF.

“De facto, através do leasing imobiliário é possível financiar a aquisição, construção e renovação de empreendimentos turísticos das mais diversas tipologias, bem como lojas, estabelecimentos comerciais, escritórios, armazéns, instalações industriais e habitações”, explicou Ferreira Santos. No ano passado, a locação imobiliária registou “uma subida notável” face a 2017, atingindo um valor de 1,1 mil milhões de euros, destacou o presidente da ALF.

Também o leasing mobiliário, focado no leasing de automóveis, teve um desempenho positivo nos primeiros três meses do ano, período em que registou um crescimento homólogo de 4%, com uma produção total de 324,6 milhões.

Artigo publicado na edição nº1992, de 7 de junho do Jornal Económico



Fonte: Economico – Politica

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