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Relatório da OPEP só fez subir ligeiramente a cotação do petróleo


A Arábia Saudita, líder do cartel da OPEP, pode ter perdido o poder que teve há 30 anos, mas ainda faz subir ligeiramente a cotação do petróleo. Pelo menos, é isso que parece. E no mundo do petróleo – que é como o mundo da política -, “o que parece é”.  Foi o que hoje aconteceu a meio do dia, quando os 14 membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) divulgaram o seu relatório mensal de fevereiro, em Viena de Áustria, destacando que a procura mundial de petróleo rondará os 100 milhões de barris diários durante 2019, e recomendando que este cartel de produtores petrolíferos baixe o seu fluxo diário para 30,6 milhões de barris, contra os 31,6 milhões que produziram no ano passado.

Ao contrário das expectativas criadas pelos EUA, que continuam a ‘batalhar’ pelo aumento da produção petrolífera, afirmando-se como o maior produtor mundial de petróleo, a Arábia Saudita, que pretende manter o controlo do cartel da OPEP, ganhou terreno na tentativa de fazer subir os preços do petróleo à custa da redução da produção.

A este respeito, as cotações de mercado são pragmaticamente objetivas: o Brent valorizou cerca de 2% à hora em que os gestores acabavam de almoçar na City londrina, aproximando a cotação de compra do barril de petróleo do intervalo entre os 62,89 e os 63,06 dólares, precisamente quando já tinha sido divulgado o último relatório da OPEP. No entanto, nenhum especialista do sector contactado pelo Jornal Económico disse acreditar na sustentação destes valores de forma a poder fixar a negociação internacional do preço de compra do crude num patamar um pouco acima dos 63 dólares por barril.

Mais que a indicação de cortes de produção dada pela Arábia Saudita, este nível de preços do Brent resultará sobretudo da conjugação de vários fatores que ajudam a formar o processo de negociação do petróleo. O mais relevante é determinado pelos condicionalismos geopolíticos do grupo dos vários produtores que viram reduzir o seu volume de petróleo extraído – entre eles, a Venezuela. Mas o abrandamento no crescimento económico vivido por outros grandes consumidores terá contribuído para impulsionar em ligeira alta as ordens de compra do preço do barril do ouro negro.

Mesmo assim, para quem sustenta a tese de que a OPEP já perdeu definitivamente a capacidade de controlar as cotações internacionais do barril, a ligeira subida do valor de negociação do petróleo Brent do mar do Norte, que serve de referência aos produtos petrolíferos comprados na Europa – tem um sabor a vitória entre os responsáveis sauditas que orientam a produção da OPEP.

Convém recordar que a OPEP já tinha reduzido “drasticamente” a produção de petróleo em dezembro – como reportou na altura a agência Reuters. A decisão de “fechar um pouco a torneira”, antecipando o acordo posterior de limitação de oferta que teve por objetivo evitar um novo excesso de oferta de petróleo no mercado internacional, travando a indesejada queda de cotações que a OPEP quer evitar a todo o custo – este cartel já deu indicações que tentará manter o valor do petróleo Brent no intervalo entre os 60 e os 65 dólares por barril.

Em dezembro a produção da OPEP tinha caído 751 mil barris por dia, descendo para 31,58 milhões de barris diários – os principais cortes foram então liderados pela Arábia Saudita, pela Líbia e pelo Irão. Juntamente com a Rússia e outros países aliados (um grupo designado por “OPEP+”) foram mais longe e quiseram reduzir a oferta em 1,2 milhões de barris por dia durante janeiro, cabendo à OPEP uma redução de 800 mil barris diários.



Fonte: Economico – Politica

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